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terça-feira, abril 13, 2010

Mediterranizemo-nos

Alex Ross escreve sobre música para a revista The New Yorker. Tem um livro publicado, que eu saiba: O Resto é Barulho. Num dos capítulos do livro, ele comenta a enorme influência de Richard Wagner não só na música, mas no teatro, na literatura, nas artes plásticas e na política do seu tempo, uma influência que perdurou depois da sua morte em 1883 e invadiu o século 20. Wagner era o compositor preferido de Hitler e convencionou-se que na mistura de misticismo, espetaculosidade e triunfalismo teutônico das suas óperas está uma das raízes do nazismo – o que não impediu que também influenciasse Theodor Herzl, fundador do sionismo, que, segundo Ross, teria tido a sua visão de um Estado judeu depois de assistir a Tannhauser.

Outro alemão influente, Friederich Nietzsche, foi um admirador fanático de Wagner (e, como ele, considerado uma das vertentes intelectuais do fascismo), mas mudou de ideia e passou a ser um dos seus maiores críticos. Para Nietzsche, Wagner se convencera de que era mais do que um compositor, era um oráculo, “o ventríloquo de Deus”, na sua frase, e era preciso libertar a estética da época daquele pesado domínio. Nietzsche passou a pregar uma reação a Wagner, uma volta da música às suas raízes populares e à simplicidade. “Il faut méditerranizer la musique”, escreveu. Era preciso mediterranizar a música.

A reação já estava acontecendo. Principalmente entre os franceses, velhos ressentidos com a prepotência alemã. Bizet, Faure, Satie, Debussy e outros anti-Wagners “mediterranizaram” a música, cada um a seu modo. Mas fiquei pensando em como a exortação do Nietzsche ainda serve, não necessariamente na música, mas em todas as ocasiões em que a vida parece ficar wagneriana demais. Deveríamos mediterranizarmo-nos todos, o que significaria evitar dramas ruidosos, megalomanias épicas e arrebatamentos místicos e nos concentrarmos nos simples prazeres possíveis. Não seria uma receita para a frivolidade, ou para a insensibilidade com a tragédia e a injustiça, mas uma correta avaliação de prioridades. E pode-se ser mediterrâneo em qualquer lugar da Terra.

O problema é que o exemplo maior de vida mediterrânea é a Itália da doce vida, mas que também é a insensata Itália do Berlusconi. Talvez o ideal devesse ser mediterranizarmo-nos, mas não demais.







12 de abril de 2010 | ZERO HORA

L. F. VERISSIMO

O priminho...

Ao nascer o priminho de Joãozinho, sua mãe e ele foram ao hospital fazer uma visitinha para a tia e o novo priminho.

A mãe já sabendo das aprontações de Joãozinho, antes de sair de casa avisou:

- João, olha só, seu priminho nasceu sem as duas orelhas, então por favor não comente nada sobre isso! Para a titia não ficar magoada.

Joãozinho concordou na hora e ficou curioso para ver o novo priminho. Ao chegar no hospital, entrou no quarto da tia e do primo e viu o priminho sem as orelhas e foi logo dizendo:

- Nossa, que olhos lindos ele tem. Que Deus abençoe esses olhos lindos!
A tia agradeceu ao Joãozinho emocionada pelo carinho! Ao que 5 minutos depois Joãozinho volta a falar:

- Mas que olhos lindos, né, tia. Que Deus abençoe muito esses olhos! Tomara que ele sempre tenha olhos assim!

E assim foi, após o décimo elogio aos olhos do priminho a tia ficou intrigada e perguntou:

- Mas Joãozinho, porque você elogia tanto os olhos dele e pede tanto a bênção de Deus?

- Ah! Tia! É porque se ele tiver q usar ÓCULOS... TÁ FUDIDO!