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quinta-feira, maio 19, 2011

David Coimbra, 19.05.2011

Acabo de ler uma matéria na Zero Hora que me deixou tão irritado que tive de vir aqui para fazer um protesto público.
Uma doutora em linguística, Ana Maria Stahl Zilles, defende aqueles livros do MEC que ensinam a escrever errado. Ela argumenta que os livros não ensinam a escrever errado, mas que discorrem sobre as diferenças entre falar e escrever. Diz o seguinte, a doutora:
O livro… “faz a distinção entre a variedade popular e a variedade culta, e mostra que elas têm sistemas de concordância diferentes. Eles dizem que na variedade popular basta que o primeiro termo esteja no plural para indicar mais de um referente. Quando os autores explicam que é possível falar ‘os peixe’, não estão querendo dizer que esse é o certo, nem vão ensinar as pessoas a escrever errado. Isso é como as pessoas já falam. A escola tem que ensinar a norma culta e o livro faz isso. O objetivo do capítulo é apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra  é escrever”.
Não duvido que essa doutora seja uma pessoa inteligente e decerto que é culta, mas ela está muitíssimo equivocada. Em primeiro lugar, não existem duas formas corretas de se expresssar. “Uma coisa é falar e outra é escrever”, afirma ela. Não, não, NÃO!!! Só existe uma maneira certa de falar e escrever, que é… A MANEIRA CERTA!
Nessa maneira certa pode haver variações, modificações, introdução de palavras novas? Claro que sim, isso acontece todos os dias. Mas isso se dá suavemente, pelo uso do termo na forma falada E ESCRITA. Nenhuma palavra se incorpora a um idioma se ela não é absorvida na forma escrita. Isto é: por livros e jornais. O dia em que alguém escrever “os peixe” e o leitor não sentir que está levando um soco no ouvido, bem, nesse dia “Os peixe” está incorporado à última flor do Lácio.
Finalmente, a doutora se equivoca quando tenta “defender” os ignorantes que falam de forma errada ( vou repetir: IGNORANTES QUE FALAM DE FORMA ERRADA). “Se um professor diz para um aluno que o modo que ele, os pais dele e os amigos dele falam está errado, ele vai se sentir entre dois mundos”, argumenta a doutora.
ERRADO, doutora. Os pais do aluno EXIGEM que ele aprenda a forma correta de falar e escrever. QUEREM que ele fale e escreva de forma correta. E VÃO SE ORGULHAR se ele assim o fizer.
As pessoas pobres e humildes, doutora, não gostam de falar errado e admiram quem fala corretamente.
Mais, doutora, as pessoas humildes e pobres não se sentem entre dois mundos; elas SABEM que estão entre dois mundos. Mas o mundo em que elas gostariam de estar fica do outro lado.
Esse é um dos maiores problemas da esquerda: a idealização do pobre. O pobre não quer ser pobre, não quer viver como pobre, nem se comportar como pobre. O pobre acharia de muito mau gosto se ouvisse uma doutora falando “os peixe”.

BLOG DO DAVID COIMBRA, 19.05.2011

 http://wp.clicrbs.com.br/davidcoimbra/2011/05/19/a-defesa-da-ignorancia/comment-page-1/?topo=13%2C1%2C1%2C%2C%2C77