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sexta-feira, dezembro 09, 2011

Primeira Missão!

Bolas de Ferro...

A perua era uma nova rica que havia acabado de se mudar para um bairro chiquérrimo, e decorou toda sua casa com motivos medievais. Estava terminando de decorar sua linda sala de estar, quando notou que faltavam aqueles enfeites que ficam na extremidade dos dois corrimãos da escada. 

Pelo projeto original os enfeites eram duas esferas de ferro. Mas onde encontrá-las?
Desesperada, ela vai até o antiquario mais proximo, onde foi atendida por um vendedor corcunda. A mulher, querendo parecer fina e elegante, perguntou gentilmente:

- O senhor tem bolas de ferro?
Ao que o vendedor respondeu, sem pensar duas vezes:
- Não senhora... É desvio da coluna mesmo!

E viver não é brincadeira não... David Coimbra

Estava sentado à mesa com meu filhinho, eu de bermuda jeans tomando café preto, ele de pijama do Batman comendo sucrilhos, e, por algum motivo, cantarolei o clássico do Paulinho:
“Mas é preciso viver 
E viver não é brincadeira, não...”
Ele de imediato levantou o olhar e protestou:
– É, sim!
Calei e pisquei. Fiat lux! Fez-se a luz. Sorri. Disse, admirado:
– Não é que é isso mesmo?!?
Mas ele não prestava mais atenção em papai. Estava novamente concentrado nos sucrilhos, comentando que tinha visto um Papai Noel carregando um urso em algum lugar. Mal notara que havia feito um resumo da vida como a vida deve ser: uma brincadeira.
Claro que sei que o mundo é cheio de perigos,com seus sequestradores de semáforo e engravatados que roubam a merenda das criancinhas; sei que males de todo o tipo se acercam do ser humano, como vírus, bactérias,fungos e outras espécies de criaturas minúsculas,mas tão poderosas quanto malignas; sei que ninguém está livre de azares imponderáveis,como pedaços de satélites que caem do céu ou tomar um táxi que toca música baiana.
Sei de tudo isso.
Mas, ainda assim, viver tem de ser uma brincadeira. Se a gente não estiver aqui para se divertir, de que adianta estar aqui?
Naquele momento, sentado à mesa, observando meu guri lambuzar-se com leite e sucrilhos, pensei que, se ele tem essa percepção aos quatro anos de idade, talvez signifique que eu esteja fazendo um bom trabalho. Porque agora, na primeira infância, o que ele tem de fazer é exatamente isso: brincar. Ele tem é de mesclar o mundo supostamente real com a fantasia. Quanto mais colorida for sua criação da vida, melhor. É o que vai fazer com que, mais tarde, ele não seja uma dessas pessoas sem tempero na alma, presas à mesquinhez das pequenas contingências do dia a dia. Quando o chefe for tacanho, quando alguém lhe tirar a vaga de estacionamento, quando o colega for mesquinho, quando o cara que for instalar o telefone se atrasar, ele não vai ficar irritado. Ou, se ficar, será por um breve instante. Em seguida, ele irá sorrir, balançar a cabeça e fazer tsc, tsc. Ele saberá que há coisas mais importantes do que isso. Como, por exemplo, se divertir. E, se ele quiser, em primeiríssimo lugar, se divertir e brincar, saberá que só pode fazer isso com as outras pessoas. Mas só com as outras pessoas estando alegres é que ele irá se divertir e brincar. É um princípio básico da diversão: pessoas mal-humoradas estragam a brincadeira. Ora, para ter em volta de si pessoas bem-humoradas, é preciso tratá-las bem. É preciso respeitá-las. É preciso tolerar suas imperfeições e aceitá-las no que elas são diferentes. Pessoas de cor da pele diferente, de corpo diferente, de língua diferente, de religião diferente, de opiniões diferentes e que torcem para times diferentes. É bom se divertir com elas, até porque só é possível se divertir se for com elas. Se alguém for esperar para divertir apenas com os seus iguais, acabará frustrado, não os encontrará, porque as pessoas são diferentes em tudo, assim como são iguais em essência.
Quem tão-somente quer se divertir na vida entende isso. Sabe que a única coisa realmente importante no mundo são as pessoas. O sal da terra, como dizia Jesus.As pessoas brincando, isso é viver, como ensinou-me o meu filhinho. Por isso um jogo como o Gre-Nal é tão importante: porque envolve um grande número de pessoas.Milhares delas, milhões, todos fazendo a mesma coisa: se divertindo. Brincando. Só isso. E nada mais importante do que isso.
* Texto pblicado na Zero Hora de 03.12.2011